Mobilizar a Malta
Constou-me que alguns dos nossos jovens não querem ir votar. Não se sentem mobilizados. Pior. Alguns não têm sequer cartão de eleitor. Assim se mede a força de uma democracia. Todos nós a elogiamos como o melhor regime. Mas ninguém se mexe na hora de a legitimar. Fala-se da crise de regime. Para mim, vive-se uma crise de cidadania.
Basicamente, está-se tudo nas tintas. Desde que tenham telemóvel e guito para umas imperiais, a juventude está satisfeita. Há falta de ideais e excesso de bens materias, dizem alguns. Vivemos todos nas nuvens, digo eu. É que um dia, a mais que longa carreira escolar acaba. Começamos a ser demasiado grandes para viver na apertada dependência dos pais. E depois é que elas doem. O desemprego. O trabalho que não nos diz nada. A fuga aliciante para o estrangeiro que nos deixa orfãos de afectos numa terra alheia.
De repente crescemos. Somos independentes. Temos filhos. E impostos para pagar que se esgotam sem que as escolas melhorem, ou os hospitais fiquem decentes. E invejamos a cultura dos nossos pais e assustamo-nos com a ignorancia dos nossos filhos. E vemos o nosso futuro e o deles maculado.
Temos um dever de cidadania. Não interessa em quem, só interessa que se vote. E sem clubismos. Convém, por uma vez, deixar de se ser jovem inconsciente e, pelo menos, fingir que nos importamos.
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